sábado, 20 de outubro de 2012

Mais um "Caixão"?



Otavio Meloni*


Apesar de estarmos na reta final do brasileirão e de amanhã termos o que pode ser o fim (ou o recomeço) da luta pelo título, o tema de post é outro. A ideia veio quando, dia desses, estava passeando por uma página dessas que amontoa  notícias de todo o tipo e me deparei com a seguinte manchete esportiva: “Turno adicional do campeonato Carioca 2013 não depende de aprovação dos quatro grandes”. Nem li a notícia, devo confessar, pois achei por demais estapafúrdia.  Sabemos que o brasileirão termina no início de dezembro, que os jogadores, como todo trabalhador merecem ter  férias e que, para recobrar a forma física no retorno é necessária uma pré-temporada considerável. Porém, o que temos no Brasil é um retorno atabalhoado, que após duas semanas já cede espaço aos campeonatos estaduais, que quase sempre começam a meia-boca e só vão ter seu ápice já pela metade da disputa.
Não vou começar uma defesa pelo fim dos campeonatos estaduais, mas é notório que seu modelo de disputa deve mudar. Os argumentos dos que defendem os longos estaduais se embasam na necessidade financeira dos clubes menores que só têm esta oportunidade para revelar e vender jogadores, além  das cotas de TV e rendas dos estádios. Sim, isso é verdade. Pensando na realidade do Rio de Janeiro, em que nenhum clube do interior frequenta a primeira divisão do campeonato nacional, nem ao menos a segunda, é compreensível ouvirmos tal discurso todo início de ano, mas será que os times grandes têm de pagar o alto preço a que se expõem por esta demanda? Um estadual ruim fortalece em alguma coisa os clubes menores? Uma competição corrida em meio a um verá de médias de 40 graus, ajuda na projeção e consolidação desses clubes para as temporadas seguintes? Infelizmente, pra mim, a resposta é não.
Antes da era dos pontos corridos, os estaduais duravam praticamente a primeira metade do ano inteira e dividiam espaço com a inchada Copa do Brasil e os únicos dois times (campeão Brasileiro e da Copa do Brasil do ano anterior) que disputavam a Libertadores viviam a dificuldade de se dividir em três competições. No segundo semestre vinha o Brasileirão, em modelo que misturava grupos, mata-mata, e finais. Provavelmente a maioria dos leitores deste blog, cerca de três imagino eu, se lembra deste modelo, mas se um curioso mais jovem aparecer por aqui vai passar bons minutos imaginando o que seria isso. Não era a melhor forma de disputa do mundo, mas o ano começava um pouco mais tarde. Os clubes podiam se preparar com mais calma e até tinham mais tempo para negociar reforços. Hoje temos uma Libertadores com cinco times brasileiros, a copa do Brasil mais inchada ainda, estaduais que começam no final de janeiro e vão até o final de abril e na semana seguinte emenda o Brasileirão. Com um modelo como esse cabe mais um turno do Cariocão de 2013? Infelizmente, de novo, a resposta vai ser sim! A federação do Rio sempre foi uma grande bagunça, desde os tempos do Caixa d’água, porém, havia Eurico Miranda e Márcio Braga que equilibravam a conta entre os doze pequenos da primeira divisão estadual e os quatro grandes. Agora, temos uma federação que atua sozinha, ignora o bom momento do futebol do Rio no cenário nacional (este ano tivemos três cariocas na Libertadores) e vai fazer o papel Robin Hood de tirar dos ricos para dar aos pobres, só que na pior medida possível. O campeonato Carioca poderia seguir um modelo em que os clubes de menor expressão classificados disputassem entre si quatro vagas para a parte final do torneio, um octangular entre os quatro grandes e os quatro melhores da primeira fase. Pontos corridos, com semi-finais e final depois.  Fla, Flu, Bota e Vasco teriam tempo para preparar seus times para a Copa do Brasil, a Libertadores, o Brasileirão e ainda fariam um estadual de respeito, contra quatro equipes fortes de menor expressão, o que possibilitaria, inclusive, um campeão inédito, quem sabe?
De fato, a CBF organizou a competição nacional e tenta conciliar muitos interesses que mantem os campeonatos estaduais vivos e fortes, como os das federações que não têm sequer um clube nas duas primeiras divisões do Brasil. Eu também acho que os estaduais têm um charme que o Brasileirão não tem, mas charme, meus amigos, tem limite e limite é o que falta para nossa disputa regional.

* Otavio Meloni é tão gordo, mas tão gordo que se quisesse nadar numa caixa d'água, teria de ser na cisterna.

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