Otavio Meloni*
Apesar de
estarmos na reta final do brasileirão e de amanhã termos o que pode ser o fim
(ou o recomeço) da luta pelo título, o tema de post é outro. A ideia veio
quando, dia desses, estava passeando por uma página dessas que amontoa notícias de todo o tipo e me deparei com a
seguinte manchete esportiva: “Turno adicional do campeonato Carioca 2013 não
depende de aprovação dos quatro grandes”. Nem li a notícia, devo confessar,
pois achei por demais estapafúrdia.
Sabemos que o brasileirão termina no início de dezembro, que os
jogadores, como todo trabalhador merecem ter férias e que, para recobrar a forma física no
retorno é necessária uma pré-temporada considerável. Porém, o que temos no
Brasil é um retorno atabalhoado, que após duas semanas já cede espaço aos
campeonatos estaduais, que quase sempre começam a meia-boca e só vão ter seu
ápice já pela metade da disputa.
Não vou começar
uma defesa pelo fim dos campeonatos estaduais, mas é notório que seu modelo de
disputa deve mudar. Os argumentos dos que defendem os longos estaduais se
embasam na necessidade financeira dos clubes menores que só têm esta oportunidade
para revelar e vender jogadores, além das cotas de TV e rendas dos estádios. Sim,
isso é verdade. Pensando na realidade do Rio de Janeiro, em que nenhum clube do
interior frequenta a primeira divisão do campeonato nacional, nem ao menos a
segunda, é compreensível ouvirmos tal discurso todo início de ano, mas será que
os times grandes têm de pagar o alto preço a que se expõem por esta demanda? Um
estadual ruim fortalece em alguma coisa os clubes menores? Uma competição
corrida em meio a um verá de médias de 40 graus, ajuda na projeção e
consolidação desses clubes para as temporadas seguintes? Infelizmente, pra mim,
a resposta é não.
Antes da era dos
pontos corridos, os estaduais duravam praticamente a primeira metade do ano
inteira e dividiam espaço com a inchada Copa do Brasil e os únicos dois times (campeão
Brasileiro e da Copa do Brasil do ano anterior) que disputavam a Libertadores
viviam a dificuldade de se dividir em três competições. No segundo semestre
vinha o Brasileirão, em modelo que misturava grupos, mata-mata, e finais.
Provavelmente a maioria dos leitores deste blog, cerca de três imagino eu, se
lembra deste modelo, mas se um curioso mais jovem aparecer por aqui vai passar
bons minutos imaginando o que seria isso. Não era a melhor forma de disputa do
mundo, mas o ano começava um pouco mais tarde. Os clubes podiam se preparar com
mais calma e até tinham mais tempo para negociar reforços. Hoje temos uma Libertadores
com cinco times brasileiros, a copa do Brasil mais inchada ainda, estaduais que
começam no final de janeiro e vão até o final de abril e na semana seguinte
emenda o Brasileirão. Com um modelo como esse cabe mais um turno do Cariocão de
2013? Infelizmente, de novo, a resposta vai ser sim! A federação do Rio sempre
foi uma grande bagunça, desde os tempos do Caixa d’água, porém, havia Eurico
Miranda e Márcio Braga que equilibravam a conta entre os doze pequenos da
primeira divisão estadual e os quatro grandes. Agora, temos uma federação que
atua sozinha, ignora o bom momento do futebol do Rio no cenário nacional (este
ano tivemos três cariocas na Libertadores) e vai fazer o papel Robin Hood de
tirar dos ricos para dar aos pobres, só que na pior medida possível. O
campeonato Carioca poderia seguir um modelo em que os clubes de menor expressão
classificados disputassem entre si quatro vagas para a parte final do torneio, um
octangular entre os quatro grandes e os quatro melhores da primeira fase.
Pontos corridos, com semi-finais e final depois. Fla, Flu, Bota e Vasco teriam tempo para preparar
seus times para a Copa do Brasil, a Libertadores, o Brasileirão e ainda fariam
um estadual de respeito, contra quatro equipes fortes de menor expressão, o que
possibilitaria, inclusive, um campeão inédito, quem sabe?
De fato, a CBF
organizou a competição nacional e tenta conciliar muitos interesses que mantem
os campeonatos estaduais vivos e fortes, como os das federações que não têm
sequer um clube nas duas primeiras divisões do Brasil. Eu também acho que os
estaduais têm um charme que o Brasileirão não tem, mas charme, meus amigos, tem
limite e limite é o que falta para nossa disputa regional.
* Otavio Meloni é tão gordo, mas tão gordo que se quisesse nadar numa caixa d'água, teria de ser na cisterna.
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