sábado, 1 de dezembro de 2012

Videntes de Araque?












Marcus Duarte*

No fim do primeiro turno do campeonato, o excelentíssimo blogueiro Otávio Meloni ousou fazer previsões sobre o que seria o certame nacional. Sem pestanejar, fui atrás de suas sugestões e também achei que sabia alguma coisa de futebol. Será que somos comentaristas profissionais do futebol (ou seja, vamos errar a maioria), ou podemos jogar na mega sena e largar de vez essa vidinha de funcionário público de greve em greve. Abaixo as nossas previsões e meus comentários atuais, com a seguinte legenda:

POM – Previsão Otávio Meloni
PMD – Previsão Marcus Duarte
CAM – Comentários Atuais Marcus (mas bem que podia ser Clube Atlético Mineiro)
           
Assim como fez o Otávio no primeiro post, as “previsões” continuam em tópicos.

1.
POM - Os candidatos ao título: Pela primeira vez, nos últimos três anos, creio que iremos chegar a dez jogos do final com apenas dois times brigando pela taça. Na minha opinião Galo e Flu irão caçar ponto a ponto o troféu do Brasileirão. Talvez o Grêmio se aproxime, mas creio que fica entre os dois mesmo. Se dobrarmos os pontos que ambos conquistaram no primeiro turno teríamos 86 a 84, respectivamente, alguém duvida?

PMD - Concordo contigo. O título ficará entre estes dois e com grandes honras para quem ficar em segundo. Observe que na história dos pontos corridos o time que tinha mais pontos ao final de 19 rodadas (1º turno desde que o campeonato passou a ter 20 clubes) foi o Grêmio em 2008 com 41 pontos. O Fluminense, que é o segundo, conseguiu 42 pontos. Isso é só para reforçar como a campanha dos dois times está fantástica. Vamos disputar nós dois, atleticano e tricolor, até o final para ver quem levanta a taça. Mas, repito, as duas campanhas são merecedoras de elogios.

CAM – Neste segundo turno tivemos uma queda do Galo que facilitou a vida do Fluminense. Méritos dos Flu que soube ser estável em todo o campeonato. Com bem previu o Otávio, o Grêmio chegou a estar próximo dessa disputa, mas abriu o bico no final. Como bom atleticano, vou torcer até o final, mas tá difícil. Parece que este ano o tricolor levou a melhor. Previsões acertadas, ponto para nós.

2.

POM - O Figueira pode ir arrumando as malas que a segundona está batendo na porta, nem falo do Atlético de Góias que isso é Bullying...

PMD - Sei não. Acho que o palmeiras da nossa amiga Patrícia volta a passear pela segundona. O time tá sem vontade nenhuma.

CAM – Pontos para nós dois. Apesar dos últimos respiros suinos, acho muito difícil. Para mim, é mais fácil o Sport sair da zona do que o Palmeiras. Mais um ponto para nós. Se bem que este estava fácil demais...

3.

POM - O artilheiro do Brasileirão será Wagner Love, por um simples motivo: Fred ainda vai arrumar uma contusão que o deixará fora por uns cinco jogos.

PMD - Luis Fabiano ainda vai ser o artilheiro (isso se ele não quebrar a perna de alguém e for suspenso por uns mil dias)

CAM – Acabamos de provar, por A + B que o Otávio é um comentarista profissional, errou totalmente. O Marcus ainda tem chances. Luis Fabiano tem 1 gol a menos que o Fred.

4.

POM - O Santos vai chegar nas vagas da libertadores, portanto Vasco, Botafogo, Inter e São Paulo que se preparem que a briga pela última vaga vai ser feia.

PMD - Acho que suas contas estão erradas. São só 4 vagas porque o curíntia foi campeão este ano. Logo temos 3 que, na minha opinião, estão praticamente garantidos: Galo, Fluminense e Grêmio. Também acho que o Santos consegue a quarta vaga. Logo, o resto chupa dedo. (Só uma observação, se tiver brasileiro ganhando a sulamericana aí serão apenas 3 vagas - neste caso acho que o Santos dança).

CAM – Pronto, o Marcus Duarte acaba de conquistar o título de comentarista profissional de futebol. Deu uma daquelas “cravadas” clássicas com o Santos na libertadores. Quanto ao Grêmio, tá perdendo fôlego. O São Paulo do ótimo Ney Franco tem boas chances de ultrapassar o tricolor gaúcho, até por que há um confronto direto a ser disputado.

5.

POM - Seria injusto não dar o prêmio de revelação do campeonato, até então, para Bernard do Galo mineiro. Joga muito o muleque, tomara que não tenha complexo de Lenny, alguém lembra dele?

PMD - Revelação, mais ou menos! Ele já tinha jogado muito bem no ano passado. Só que em 2011 o galo lutou para não cair, aí o futebol dele ficou meio apagado.

CAM – Acho que o Bernard leva como revelação, embora ainda acho que já jogou bem no ano passado e ficou apagado por conta da campanha ruim do Galo. O Wellington Nem, também merece uma menção honrosa como revelação do campeonato. Não por acaso o time dos dois está na (virtual) briga pelo título.

6.

POM - Temos que ressaltar o bom Ronaldinho Gaúcho que está acabando com o torneio pelo lado do Galo. Cerebral, em outra posição, Cuca armou o esquema pensando nele e os outros dez que corram e se fodam. Assim funciona, na seleção também seu Mano, abre o olho!!!

PMD - Você acredita que até correr para marcar (na verdade um cerca Lourenço para ocupar espaços) o Ronaldinho tá fazendo!!!

CAM – E assim continuou até o final do campeonato (ainda bem – Marcus Duarte).

7.

POM - A contratação mais pífia do torneio até agora vai para Diego Forlan, que segundo fontes seguras não anda fazendo NADA em POA. Já tem gente com saudades do Andrezinho por lá!

PMD - O Forlan, foi fortemente cogitado para vir para o Galo. Graças a Deus que não veio. E que ironia, para o lugar dele veio o "desacreditado" Jô, que tá fazendo um belo papel de pivô.

CAM – Já no meio para o final do segundo turno o Senhor Forlan resolveu aparecer e fazer uns golzinhos por aí. Nada demais para a pompa feita pelo Internacional. Só para não deixar de mencionar o oposto do Forlan. Seedorf foi uma bela contratação do Botafogo. Tá jogando bem, com raça e liderando o time. Não fosse ele o Botafogo estaria bem pior. Ponto pro Fogão.


8.

POM - A arbitragem do campeonato segue as péssimas referências anteriores, com a diferença que dessa vez roubaram o Corinthians... aí já viu né, ao contrário do ditado, nesse caso, "ladrão que rouba ladrão..." tem que pedir perdão, levar suspensão e ver seu chefe receber demissão... Roubaram o Galo ontem, vai demitir de novo Marin??? Acho que não né...

PMD - Perfeito, sem mais comentários.

CAM – Aqui eu, Marcus Duarte, tenho que tecer certos comentários... Comecei a escrever e ficou grande demais. Então vai virar um novo post (que não será um mimimi de atleticano, e sim uma análise supostamente imparcial). Aguardem...

9.

POM - A incógnita do torneio, até agora, é o Botafogo. Capaz de vitórias fantásticas, com futebol bonito e bem jogado e na sequência ser goleado pelo lanterna dentro de sua casa... o que será do Fogão???

PMD - Perfeito, sem mais comentários.

CAM – O Botafogo é o maior paradoxo futebolístico que existe. Entra ano e sai ano ele é um time totalmente imprevisível, como disse o Otávio, com capacidade de fazer belos jogos (como contra o Cruzeiro no segundo turno) e atuações pífias como a já citada partida contra o lanterna. Não obstante à sua imprevisibilidade todo mundo já sabe que o Botafogo vai terminar o campeonato entre o 7º e o 13º colocados. Não tem erro, o Botafogo é imprevisivelmente certeiro.

10.

POM - Por fim, essa talvez seja a maior certeza de todas: não dá pra falar em nível europeu com esses gramados né... é brincadeira!!! (apud: CANHOTA DE OURO, Gérson)

PMD - Perfeito, sem mais comentários.

CAM – E com a “desculpa” do gramado ruim do Engenhão, o jogo Flamengo X Atlético foi adiado em 2 meses e o local alterado do Engenhão para o estádio João Havelange. Percebeu a diferença?



* O nome de Marcus Duarte é, na verdade, Marcus de Ogum Oxum Evoé Exuxu Duarte. Escritor bi-espiritual e profeta do acontecido. Tem a sorte de fazer as previsões mais óbvias que a Mãe Diná (essa é só pra quem tem mais de 30 anos, os mais novos procurem no google). Algumas previsões já de Marcus Exuxu:  o brasileirão 2012 será vencido por um time ou do Rio ou de Minas, mas as estrelas do mar numa conjunção com os corais indicam características praianas para o campeão; para o ano que vem a previsão é de que um artista famoso mundialmente vai morrer; o brasileirão 2013 terá com campeão um time de um destes quatros estados da federação SP, RJ, MG e RS (que me desculpem os demais).


Nota do editor: O post foi enviado há algumas semanas, mais efetivamente quando o Fluminense havia confirmado o título brasileiro, porém, a enorme correria no retorno às aulas fez com que o editor não tivesse o devido tempo para a publicação. Desculpes ao redator e ao público!

sábado, 20 de outubro de 2012

Mais um "Caixão"?


Otavio Meloni*


Apesar de estarmos na reta final do brasileirão e de amanhã termos o que pode ser o fim (ou o recomeço) da luta pelo título, o tema de post é outro. A ideia veio quando, dia desses, estava passeando por uma página dessas que amontoa  notícias de todo o tipo e me deparei com a seguinte manchete esportiva: “Turno adicional do campeonato Carioca 2013 não depende de aprovação dos quatro grandes”. Nem li a notícia, devo confessar, pois achei por demais estapafúrdia.  Sabemos que o brasileirão termina no início de dezembro, que os jogadores, como todo trabalhador merecem ter  férias e que, para recobrar a forma física no retorno é necessária uma pré-temporada considerável. Porém, o que temos no Brasil é um retorno atabalhoado, que após duas semanas já cede espaço aos campeonatos estaduais, que quase sempre começam a meia-boca e só vão ter seu ápice já pela metade da disputa.
Não vou começar uma defesa pelo fim dos campeonatos estaduais, mas é notório que seu modelo de disputa deve mudar. Os argumentos dos que defendem os longos estaduais se embasam na necessidade financeira dos clubes menores que só têm esta oportunidade para revelar e vender jogadores, além  das cotas de TV e rendas dos estádios. Sim, isso é verdade. Pensando na realidade do Rio de Janeiro, em que nenhum clube do interior frequenta a primeira divisão do campeonato nacional, nem ao menos a segunda, é compreensível ouvirmos tal discurso todo início de ano, mas será que os times grandes têm de pagar o alto preço a que se expõem por esta demanda? Um estadual ruim fortalece em alguma coisa os clubes menores? Uma competição corrida em meio a um verá de médias de 40 graus, ajuda na projeção e consolidação desses clubes para as temporadas seguintes? Infelizmente, pra mim, a resposta é não.
Antes da era dos pontos corridos, os estaduais duravam praticamente a primeira metade do ano inteira e dividiam espaço com a inchada Copa do Brasil e os únicos dois times (campeão Brasileiro e da Copa do Brasil do ano anterior) que disputavam a Libertadores viviam a dificuldade de se dividir em três competições. No segundo semestre vinha o Brasileirão, em modelo que misturava grupos, mata-mata, e finais. Provavelmente a maioria dos leitores deste blog, cerca de três imagino eu, se lembra deste modelo, mas se um curioso mais jovem aparecer por aqui vai passar bons minutos imaginando o que seria isso. Não era a melhor forma de disputa do mundo, mas o ano começava um pouco mais tarde. Os clubes podiam se preparar com mais calma e até tinham mais tempo para negociar reforços. Hoje temos uma Libertadores com cinco times brasileiros, a copa do Brasil mais inchada ainda, estaduais que começam no final de janeiro e vão até o final de abril e na semana seguinte emenda o Brasileirão. Com um modelo como esse cabe mais um turno do Cariocão de 2013? Infelizmente, de novo, a resposta vai ser sim! A federação do Rio sempre foi uma grande bagunça, desde os tempos do Caixa d’água, porém, havia Eurico Miranda e Márcio Braga que equilibravam a conta entre os doze pequenos da primeira divisão estadual e os quatro grandes. Agora, temos uma federação que atua sozinha, ignora o bom momento do futebol do Rio no cenário nacional (este ano tivemos três cariocas na Libertadores) e vai fazer o papel Robin Hood de tirar dos ricos para dar aos pobres, só que na pior medida possível. O campeonato Carioca poderia seguir um modelo em que os clubes de menor expressão classificados disputassem entre si quatro vagas para a parte final do torneio, um octangular entre os quatro grandes e os quatro melhores da primeira fase. Pontos corridos, com semi-finais e final depois.  Fla, Flu, Bota e Vasco teriam tempo para preparar seus times para a Copa do Brasil, a Libertadores, o Brasileirão e ainda fariam um estadual de respeito, contra quatro equipes fortes de menor expressão, o que possibilitaria, inclusive, um campeão inédito, quem sabe?
De fato, a CBF organizou a competição nacional e tenta conciliar muitos interesses que mantem os campeonatos estaduais vivos e fortes, como os das federações que não têm sequer um clube nas duas primeiras divisões do Brasil. Eu também acho que os estaduais têm um charme que o Brasileirão não tem, mas charme, meus amigos, tem limite e limite é o que falta para nossa disputa regional.

* Otavio Meloni é tão gordo, mas tão gordo que se quisesse nadar numa caixa d'água, teria de ser na cisterna.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A BI-APOSENTADORIA DO GENIAL DICK VIGARISTA



Marcus Duarte*


Depois de um longo e tenebroso inverno, voltei a escrever. Da mesma forma, Schumacher voltou à Fórmula 1 depois de sua primeira aposentadoria. É claro que não me comparo ao Schumacher, nem quero. Sou um amador das letras que gosto mais de ler do que tenho a capacidade de escrever. O Schumacher foi, de fato, um gênio ao volante que gosta mais de ganhar do que correr.
            Sou um admirador desse esporte e também do genial Michael Schumacher. Acompanho a fórmula 1 desde o final dos anos 1980. Vi alguns excepcionais pilotos campeões, Senna, Prost, Mansell (este também louco). E, antes que pensem no ufanismo senístico eu NÃO chorei a morte do Senna. Ele não era, para mim, o herói nacional. Era um piloto fantástico e ponto. Mas este post não sobre o Senna, é sobre outro fantástico piloto.
            Schumacher ganhou um campeonato, em 1995, com uma Benetton que, em outras mãos, não faria nem a metade dos pontos. Reconstruiu a Ferrari que ficou sem ver um título por 20 anos. Era capaz de ir ao limite do carro e da pista com a mesma facilidade com que passeia pelas ruas de Berlim. Só que ele não se contentava em correr, em ser genial.
            Para Schumacher ganhar era sempre mais importante, nem que seja a qualquer custo. Para quem não se lembra, veja aqui (http://www.youtube.com/watch?v=jmKbGW7OmVg) como o Schumacher depois de bater sozinho no muro jogou o carro para cima do Hill para tirá-lo da corrida. Com a saída do Hill, Schumacher ganhou seu primeiro título. Em 1997 a história se repetiria (http://www.youtube.com/watch?v=rPo7wXjgiDE), mas desta vez o Schumacher se deu mal e Villeneuve se sagrou campeão. Os anos de Ferrari foram o auge, da carreira do piloto e do Dick. Na equipe nenhum de seus “companheiros” de equipe (Irvine, Barrichello e Massa) poderia de fato disputar com ele. Não vou me alongar em lembrar de fatos desse período, e olha que foram muitos.
            Aposentou e retornou. Na volta, mostrou ser mais normal do que se imaginava. Para os defensores da imagem de Dick Vigarista, a volta só reforça que ele foi mais vigarista que genial. Nem 8 nem 80. Schumacher foi sim um sacana nas pistas. Não respeitava seus adversários e usava de todos os subterfúgios necessários. Nem por isso ele foi menos genial, menos merecedor de alguns de seus títulos.
            Agora ele anunciou sua nova aposentadoria e, parece, é pra valer. Depois dos 40 anos o reflexo já não é mais o mesmo. Os resultados também não. Continuar correndo é só alimentar os críticos. Não vale à pena. Volta pra casa, vai cuidar da família, e aproveita para gravar uns episódios novos da corrida maluca.

*Marcus Duarte é fã de fórmula 1, em especial do piloto português Pedro Lamy, que fez brilhantes carreira na categoria, provocando grandes acidentes e conquistando um glorioso décimo sexto lugar no GP de Mônaco de 1998.

domingo, 7 de outubro de 2012

Eis aqui o líder, de uma nota só...


Otavio Meloni*


Poia bem amigos, faltam dez jogos para o fim do campeonato brasileiro de 2012. Após o sentimentos de que dava pra ter ido mais longe na Libertadores e um início de campeonato claudicante, os comandados de Abel acertaram o passo e passaram a jogar de acordo com o estilo de seu maestro. A afinação é tanta, que até o discurso ao longo do torneio foi sempre em fábrica de ecos: técnico e jogadores, quase ensaiados, falando as mesmas coisas. A primeira parte do discurso falava da recuperação do astral após a eliminação para o Boca Jrs, na Liberta; depois a paulatina subida na tabela revelava um discurso misto de empolgação e cautela. Atingimos o tão sonhado G4, depois passamos, um a um os adversários até conseguirmos abrir os atuais seis pontos de frente. E o discurso, bem, o discurso é de cada vez mais cautela.
Ontem, em um Engenhão praticamente vazio para um clássico, vencemos mais uma. Mais uma por um a zero, mais uma com gol isolado de Fred, mais uma com Cavallieri pegando tudo, mais uma! No post anterior, cheguei a dizer que se conseguíssemos mas dez placares de um a zero seríamos campeões do Brasileirão. Agora, bastam nove. E se contarmos que um deles será contra o Atlético Mineiro, como deveria ter sido no primeiro turno se o juiz não anulasse gol legal de Fred, faltarão apenas oito. E contra o grêmio... ora, tricolores, não é hora de fazer contas. É hora de pensar nos próximos adversários e concentrar em nossa nota repetida, porém tão essencial nesta reta final de campeonato. Contemos os jogos/pontos: Bahia, Ponte, Grêmio, Atlético Mineiro, Coritiba, São Paulo, Palmeiras, Cruzeiro, Sport e Vasco. Se pensarmos com otimismo, as paradas difíceis do Fluzão são Grêmio, Galo, São Paulo e Vasco.  Talvez sejam esses os jogos-chave para chegar ao título brasileiro, porém temos de considerar que o Bahia tem a melhor campanha do returno, que o Palmeiras está a beira do rebaixamento, desesperado, assim como Coritiba e Sport, além do Vasco que é clássico e ainda pode estar brigando por alguma coisa.
Mas nossa música é o sambinha de uma nota só, um só gol! Tudo ensaiado entre Abel e seus comandados, tudo nos trinques. Agora vai ser rodada a rodada, gol a gol, e a gente tentando fazer o nosso, um por jogo, sem sofrer nenhum, a caminho do tetracampeonato. Mas sem certezas, ainda falta muito!

*Otavio Meloni espera que Thiago Neves calibre a canhota pois precisaremos dela na reta final do campeonato.

Ibson é minha anta!


Thiago Aresta*

Caríssimos irmãos em Zico, apesar do título alusivo, prometo que não vou mainardiar...
É público e notório que esses pontos perdidos para times de menor expressão, cinco dos últimos seis disputados, é que estão deixando o Flamengo nessa estagnação, ali, parado, inerte, inofensivo, à deriva, no meio da tabela do brasileirão. Sobre o jogo contra o Baêa, creio que poucas linhas são suficientes: o Flamengo, taticamente, foi pavoroso, tecnicamente, muito abaixo do que achamos que podemos esperar e, no Dorival, demorou, mas baixou o Joel: escalou mal, mexeu pior ainda e desandou o vatapá que parecia estar bem temperado e quente. Mais um jogo pra deixar a Magnética extática, pra se lamentar...
Mas uma figura se destacou das demais, não por belas jogadas, liderança, raça ou entrega, mas pela inoperância. O Ibson, meus amigos. Esse mesmo, que demandou um esforço muito grande do departamento de futebol para ser contratado: gasto excessivo de tempo, de energia e de dinheiro, é o que está se revelando. Parece-me que o Flamengo foi a Santos e buscou o camisa sete errado, olha o Elano lá no Grêmio voltando a jogar o fino da bola! E, convenhamos, pro Peixe liberar, é porque a coisa por lá também já não andava ou nunca tinha sido tão boa...
E o Ibson sobrou em ser Ibson, foi um show. Um show de horrores... De tirar o pé na hora da bola dividida, só eu eu contei oitocentos e noventa e sete vezes, sem hipérbole; não acompanhar o adversário que deveria estar marcando e avisar pra quem tivesse lá, fosse lateral, volante, zagueiro, que tinha “ladrão”; armar uns dois ou três ótimos contra-ataques para o adversário... Inofensivo, ineficiente, inoperante. E transversal. É, meus amigos, transversal. Sabe um jogador que se especializa em ficar à diagonal do desenrolar dos acontecimentos, à margem da zona do agrião, escondendo-se do jogo atrás de um adversário, fugindo do encontro com a bola? Pois é, transversal. Nada de incisivo ali. Nulo.
E se achou no direito de “dar esporro”. Levou também. Levou do Wellington Silva, numa das muitas vezes em que deixou o lateral na mão. E discutiu com o Léo Moura... Quem é ele? O Léo, mesmo aos trancos e barrancos e não tendo sido formado no clube, representa muito mais para o Flamengo. E mais uma vez o Ibson vacilou na cobertura e queria ter razão? Na verdade, vê-lo jogando faz a gente questionar a própria razão. Barrar o Cáceres pra isso??? Bem, o Ibson diz que gosta de jogar como “segundo-volante”. Então, o que seria essa tal posição? Conheço volantes, arranca-tocos, destruidores, desarmadores, e meias, de saída de bola e que avançam na direção do gol, buscando o chute; mas, na ótica do Ibson, esse tal de “segundo-volante” é desculpa para um cara que não faz nem uma coisa, nem outra. E as desculpas acabam por aqui: mais uma vez ele foi escalado na posição em que diz gostar de jogar e, mais uma vez jogou mal, foi menos um em campo...
Bem, o que se viu ontem, no campo do Engenhão, foi uma conjunção estelar de antas: o Ibson, a Patrícia Amorim, anta-mor, administradora do zoológico, e o Dorival, que está fazendo as vezes de tratador...

Ah, com todo respeito às antas, é claro!

SRN

*Thiago Aresta mora em São Gonçalo e acaba de adquirir um playstation 3, para o caso de algum advogado do Ibson ler este blog e pensar em pedir indenização.


domingo, 30 de setembro de 2012

A estética do susto!





Otavio Meloni*


Pois bem, mais uma rodada que vai, mais um vacilo coletivo de Galo e Grêmio, mais uma vitória com cara de Abel e o Fluminense vai se isolando na liderança. Isso poderia ser motivo de sobra para um torcedor festejar, vestir camisa, encher estádios, esfregar na cara dos coleguinhas, mas não para este colunista. Nós, tricolores que assistimos ao rebaixamento consecutivo, que vimos nosso time saltar uma divisão via João Havelange, que vimos o Maracanã em prantos por conta de uma tal LDU. Nós, que nos últimos anos tivemos que reforçar nosso plano de saúde (UNIMED, é claro) para melhores atendimentos cardíacos, nós que entendemos que ser Fluminense, nos últimos vinte anos, não é algo fácil... Nós sabemos que ainda não é a hora! (vide PESSOA, Fernando. Mensagem...)
Não assisti ao Fla x Flu de hoje. Meu pacote de tv a cabo não tem premier fc e não quis passar o constrangimento de descer até o bar, que fica no térreo de meu prédio, e sofrer perante dezenas de pessoas a cada jogada mal resolvida pelo Flu. Fiquei em casa, com a porta aberta, o computador ligado no lance a lance de um site qualquer e vendo o jogo do Botafogo. No fundo, minha atenção estava toda na gritaria que vinha do bar, este era meu norte. Logo no início um grito isolado encheu meu peito de esperança, sim, era o gol de Fred. O belo gol de Fred! Uma voz, uma única e o silêncio. Luís Roberto interrompia o jogo do Botafogo para passar o voleio de Fred enquanto o Junior dizia a frase mais pronta desde "Futebol é uma caixinha de surpresas": "A la Bebeto!" 
Daí em diante foram muitos e muitos minutos de apreensão. A tensão da gritaria advinda do bar, no quando do pênalti  acalmada apenas pela voz isolada que comemorava a defesa de Cavallieri. O gol anulado (bem anulado, antes que o Cuca venha chorar em público de novo) e a agonia de um final de jogo, de clássico... Sim, o Fluminense venceu. Com gol de Fred, cara de Abel e defesa de Cavallieri. Com o Flamengo jogando melhor, com Cleber Santana perdendo gol feito, com Botinelli vendo sua chance de se reconciliar com a torcida parar nas mãos do arqueiro tricolor, com dois balaços de TN10 nas traves rubronegras, com tudo isso! O Fluminense venceu de novo mas nada mudou: persiste por aqui a estética do susto, do estranhamento, do desconfiar até o apito final.
Ora, esse já foi um grande Brasileirão, tricolores! Não me lembro há quantos anos não vencíamos tantos clássicos na mesma temporada, somando carioca e brasileiro. Já escapamos do rebaixamento, já praticamente garantimos a Libertadores (segundo os matemáticos 64 pontos serão suficientes para isso), estamos seis pontos na frente do vice-líder (que acreditem, não é o Vasco) e temos o artilheiro do campeonato. Faltam 11 rodadas! quem sabe onze resultados de 1 x 0 e o tetracampeonato no bolso... quem sabe!? Mas este colunista não se engana e, assim como esse blog, prefere olhar a situação com a ressalva que lhe dá título: "Só acaba quando termina"! E assim sendo, mais uma rodada na liderança, sem pedir mais, amém!

ps: Estamos recolhendo assinaturas para a Igreja Abelística dos quatro volantes, quem quiser ajudar basta falar com o apóstolo Diguinho.

*Otavio Meloni só vai comemorar qualquer coisa após a 38° rodada ou quando matematicamente não houver possibilidades de tudo mudar.

De (nem) tudo fica um pouco...



Thiago Aresta*


Drummond que me desculpe pelo inconveniente de usar um verso de um dos seus poemas mais belos para capitular esse texto, mas foi o título que me veio à cabeça enquanto escrevia essas linhas tortas. Mas o que fica de um domingo desses? É ruim pra cacete, pra quem gosta de futebol, é claro, fazer qualquer coisa após uma derrota de seu time do coração. Comigo não é diferente, amigos. E escrever, então... Tentar aprisionar em palavras esses pensamentos que insistem em voar tão rápido, mas me cabe fazê-lo. Vai que assim eu consigo me livrar dessa sensação de frustração. É isso, estava procurando uma palavra pra definir essa sensação de estar extático após ter presenciado mais um revés ruim de digerir. Frustração define.

Três pontos deixados no gramado do Estádio Olímpico João Havelange, menos três num campeonato que começa a afunilar. E perdidos para um time que, dizem os entendidos, “jogou como campeão”. Então, segundo a ótica dos entendidos, um campeão é aquele time que passa noventa minutos em busca de uma bola, um gol e, quando consegue, já no início da partida, passa o resto do tempo se defendendo, numa retranca intransponível, abdica do jogo e passa a contar com o relógio... Isso é “jogar como campeão”? Recuso-me a comprar tal ideia. É, no máximo, sorte, uma fétida e consistente cagada. Agora vejo estes mesmos entendidos exaltando o técnico do time em questão como um “estrategista”. Agora vocês vejam, um Joel sem prancheta, que chegou no livro dois do cursinho de inglês e com grife (?). Claro, agora estratégia é tirar um centroavante pra pôr um volante e entregar o meio-campo ao adversário... E já ia me esquecendo, estrategistas desse naipe não fazem retranca: têm, no máximo, um “forte esquema defensivo”.

Faz parte da estratégia também insistir no famoso “cai-cai”. Alguém do Flamengo encostava em algum jogador adversário e pronto: tava lá um corpo da turma do caipisaquê estendido no chão. E param o jogo, entra equipe médica, sai gente de carrinho. E o tempo passa... Mas o relógio estava a favor do adversário, quem se importa? E o juiz sendo conivente com essa estratégia de terceira do adversário para fazer o tempo passar... Numa boa, a caterva de arbitragem parece ter vindo bem, digamos, orientada para essa partida; o juiz não influenciou no resultado, isso seria óbvio, mas, através dos dois pesos e duas medidas na hora de conceder faltas e, consequentemente, consignar cartões, acabou por minar o Flamengo no detalhe, observem bem a perversidade. Quanto ao cai-cai e à milonga do nosso adversário, só tenho uma coisa a dizer: um time pode até sair da terceira divisão (na marra e no tapetão), mas a terceira divisão não sai do time. De jeito nenhum. Se bem que cai-cai (ou melhor, cai-cai-cai) é uma prerrogativa, uma peculiaridade, uma vocação desse nosso oponente, né...

Mas, meu amigo, o futebol não faz justiça, não tem merecimento e tem um dado imponderável e inquestionável: bola na rede. Esse negócio de “vencedor moral” é conversa pra urubu dormir! Não tem lero-lero nem vem cá que eu também quero. E nisso falhou o Flamengo. Por mais aguerrido que tenha sido (no segundo tempo), por mais que tenha criado, por mais que tenha tido a bola, por menos passes que tenha errado, faltou botar a gorduchinha pra dormir tranquila no filó. No primeiro tempo, o Flamengo teve boas chances, mas faltou aquela tenacidade de não perdoar... As duas mais claras saíram, cronológica e respectivamente, da cabeça e dos pés do ZZZZZZibson que, na primeira, sozinho, pôs a bola rente a trave e, na segunda, após boa tabela, não teve o tesão que deve ser peculiar àquele agraciado que fica na cara do gol. Cabeçada do Nixon, INACREDITÁVEL do Cléber Zidane ops Santana, Love sem conseguir dominar uma bola sequer... É, parece que de quarta passada não ficou nada para o time... Mas a Magnética fez seu papel e, mais uma vez compareceu, mesmo sem promoção, cantou, aplaudiu, apoiou, entoou o hino, mas, dessa vez, não conseguiu fazer gol.

Até que, num bololô na área, parou tudo! O juiz apitou e apontou a cal: penalidade máxima para o Mengão! Wellington Silva (que, diga-se de passagem, fez mais uma boa partida, com direito a caneta no lateral-esquerdo do lado de lá, o de çelessaum) foi derrubado por um brucutu de estimação do “estrategista” e o apitador-candidato-a-vereador-em-Itaboraí não hesitou. Festa da Magnética, parecia que finalmente viria a redenção e a chance de gritar bem alto pro Mengão o quanto gostamos dele, ainda mais forte quando de um gol. Só que, se não é o dia, não é o dia, mais uma vez, não teve jeito.

Um pênalti, todos sabemos, é um momento único, o ápice de uma partida. É tão importante que alguns dizem que tem que ser cobrado pelo presidente do clube (se bem que, no nosso caso, isso só conseguiria fazer com que a coisa se sucedesse de maneira ainda mais tétrica). É um momento de protagonismo e, obviamente, tem de ser convertido por um protagonista. Taí outra carência desse elenco do Mengão: não tem um líder, um “patrão”, um cara que chame a responsa, que bata no peito, peite treinador e diga que vai bater e pronto, dane-se se vai fazer ou não. Que tenha colhões, em suma. Essa cobrança poderia ter sido feita pelo Renato que, mesmo voltando de contusão, é forte em bola parada; mas não foi. Pelo Cléber Santana que, mesmo não sendo uma Brastemp, mostra um pouco de categoria; mas ele estava extenuado. Pelo Love que, mesmo não conseguindo dominar uma bola direito, briga pela artilharia do campeonato e um golzinho a mais não seria nada mal; mas ele não tinha treinado esse fundamento. Sobrou pro Bottinelli, nosso argentino do Paraguai que, a seu favor, tinha aquela partida mágica que virou contra esse oponente, a mística.

E só a mística não foi suficiente...

O que fica desse jogo? A entrega, a vontade, o apoio da torcida. O que espero que não fique: essa falta de sorte que insiste em nos acompanhar e a falha defensiva que deu chance ao azar. Mas um alento, ainda que de leve, é perceber que, se forçar um pouco mais, correr um pouco mais, acreditar um pouco mais, a gente faz esse urubu voar ainda mais alto, ainda nesse campeonato.

E em verdade, em verdade vos digo, caríssimos irmãos em Zico: no mundo do futebol, existem duas coisas, o Flamengo e o resto. O Flamengo, nós amamos, acompanhamos e cobramos, esse permanece.
Já o resto...

(Eu ouvi um “amém”?)

SRN

*Thiago Aresta está meio amargo neste post pois provou da lúdica visão do que é futebol de Abel Braga. Esperamos que ele se aclame, pois o Fla ainda precisa de nove pontos pra sair da degola de vez!