domingo, 30 de setembro de 2012

A estética do susto!






Otavio Meloni*


Pois bem, mais uma rodada que vai, mais um vacilo coletivo de Galo e Grêmio, mais uma vitória com cara de Abel e o Fluminense vai se isolando na liderança. Isso poderia ser motivo de sobra para um torcedor festejar, vestir camisa, encher estádios, esfregar na cara dos coleguinhas, mas não para este colunista. Nós, tricolores que assistimos ao rebaixamento consecutivo, que vimos nosso time saltar uma divisão via João Havelange, que vimos o Maracanã em prantos por conta de uma tal LDU. Nós, que nos últimos anos tivemos que reforçar nosso plano de saúde (UNIMED, é claro) para melhores atendimentos cardíacos, nós que entendemos que ser Fluminense, nos últimos vinte anos, não é algo fácil... Nós sabemos que ainda não é a hora! (vide PESSOA, Fernando. Mensagem...)
Não assisti ao Fla x Flu de hoje. Meu pacote de tv a cabo não tem premier fc e não quis passar o constrangimento de descer até o bar, que fica no térreo de meu prédio, e sofrer perante dezenas de pessoas a cada jogada mal resolvida pelo Flu. Fiquei em casa, com a porta aberta, o computador ligado no lance a lance de um site qualquer e vendo o jogo do Botafogo. No fundo, minha atenção estava toda na gritaria que vinha do bar, este era meu norte. Logo no início um grito isolado encheu meu peito de esperança, sim, era o gol de Fred. O belo gol de Fred! Uma voz, uma única e o silêncio. Luís Roberto interrompia o jogo do Botafogo para passar o voleio de Fred enquanto o Junior dizia a frase mais pronta desde "Futebol é uma caixinha de surpresas": "A la Bebeto!" 
Daí em diante foram muitos e muitos minutos de apreensão. A tensão da gritaria advinda do bar, no quando do pênalti  acalmada apenas pela voz isolada que comemorava a defesa de Cavallieri. O gol anulado (bem anulado, antes que o Cuca venha chorar em público de novo) e a agonia de um final de jogo, de clássico... Sim, o Fluminense venceu. Com gol de Fred, cara de Abel e defesa de Cavallieri. Com o Flamengo jogando melhor, com Cleber Santana perdendo gol feito, com Botinelli vendo sua chance de se reconciliar com a torcida parar nas mãos do arqueiro tricolor, com dois balaços de TN10 nas traves rubronegras, com tudo isso! O Fluminense venceu de novo mas nada mudou: persiste por aqui a estética do susto, do estranhamento, do desconfiar até o apito final.
Ora, esse já foi um grande Brasileirão, tricolores! Não me lembro há quantos anos não vencíamos tantos clássicos na mesma temporada, somando carioca e brasileiro. Já escapamos do rebaixamento, já praticamente garantimos a Libertadores (segundo os matemáticos 64 pontos serão suficientes para isso), estamos seis pontos na frente do vice-líder (que acreditem, não é o Vasco) e temos o artilheiro do campeonato. Faltam 11 rodadas! quem sabe onze resultados de 1 x 0 e o tetracampeonato no bolso... quem sabe!? Mas este colunista não se engana e, assim como esse blog, prefere olhar a situação com a ressalva que lhe dá título: "Só acaba quando termina"! E assim sendo, mais uma rodada na liderança, sem pedir mais, amém!

ps: Estamos recolhendo assinaturas para a Igreja Abelística dos quatro volantes, quem quiser ajudar basta falar com o apóstolo Diguinho.

*Otavio Meloni só vai comemorar qualquer coisa após a 38° rodada ou quando matematicamente não houver possibilidades de tudo mudar.

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