Thiago Aresta*
Caríssimos irmãos em Zico!
A frase
contida na faixa rubro-negra presente na singela foto que ilustra o topo deste
texto encerra todo o sentimento, todo o exercício de abnegação diária que nós,
torcedores comuns, amadores, torcedores de ofício não-remunerado, fazemos nessa
tarefa hercúlea, mas recompensadora, que é o ser Flamengo. É bem verdade que
essa faixa, em interpretação restrita, é quase que como uma insígnia de uma das
mais proeminentes “torcidas organizadas” que apoiam nosso clube e está impedida
judicialmente de figurar em estádios, seja diretamente ou em qualquer alusão. E
é bem verdade que aí temos duas mentiras, todo mundo sabe a quem
especificamente essa faixa se refere e sabe, também, que o que nela está
escrito não é a prática, pois essa torcida se vale do Flamengo, lucra com ele.
Ao contrário de nós, “torcedores comuns”, que temos que mofar em filas e pagar
um ingresso com um custo-benefício dos piores e mais injustos. Essa é uma
abnegação das maiores. Estamos ali por pura profissão de fé, podemos e devemos fazer
a diferença. Não cobramos nada além de dedicação. O jogo contra o Grêmio foi
prova disso: houve a promoção de ingressos, medida emergencial que surtiu
efeito, a redução de dez dilmas no preço atraiu, pelo menos, o triplo de
torcedores ao estádio; e a torcida mostrou ao time: “Se você for, nós vamos
junto, então vamos pra cima!”. A mudança de atitude no segundo tempo, de time e
torcida, foi a prova de que esse binômio, time e torcida, é indissociável,
apesar dos pesares, e cabe à diretoria, por mais incompetente que seja, tomar
medidas para fazer com que esse encontro se realize plena e frequentemente. Uma
delas seria a modalidade de sócio-torcedor com direito a voto - como, aliás,
faz o próprio Grêmio – o que traria o torcedor DE VEZ para dentro da realidade
e da vida do clube, mas o pavor da perda da hegemonia político-administrativa
dentro do clube é maior que a vontade de vê-lo crescer. E se dizem
flamenguistas... E esse último jogo é a prova cabal da força rubro-negra no
campo e no estádio: o Flamengo, vindo de um jejum de vitórias, cambaleando,
jogando fora de casa e muito longe do Rio, contra outro time em desespero, lota
TRÊS TERÇOS de um estádio com torcedores aflitos, mas apoiando e sim, fazendo a
diferença, empurrando o time e virando o jogo. Agora imagina isso em escala
nacional: isso é Flamengo, seu patrimônio maior é sua torcida, dentro e fora do
Rio, um fenômeno, ainda que seja vilipendiado por anos e mais anos de
incompetência sucessiva e descaso velado. Sou sim um defensor do futebol em sua
mais pura expressão, seja pelo jogador, seja pelo torcedor; e compreendo quando
esse torcedor, pelos mais diversos motivos, prefere o sofá à arquibancada (e
que não me venham os modinhas nem os caga-regras dizer que esse cara é menos
torcedor do que o que está no estádio; torcida é paixão, irracional,
espontânea, não importa onde se esteja. Somos todos torcedores: de
arquibancada, de geral, de sofá, de bar, de radinho de pilha, de streaming de
internet... Não fode!). Mas nessa reta final, cada jogo é decisão, todo esforço
é necessário. O duelo contra o Atlético-MG se avizinha e a responsabilidade é
grande. Esqueçam o Erre10, o que deve mover nossos pulsos, impulsos, gritos,
cantos e palmas é a busca pela vitória, que se torna cada vez mais necessária;
e nós podemos ser parte disso, jogar junto, entrar em campo: fomentar a vontade
e fiscalizar as incorreções; espraguejar num erro, mas aplaudir o acerto ou o
esforço na busca dele; deixar dessa coisa escrota que parte, em muitas vezes,
das “organizadas”, de vaiar determinado jogador quando ele pega na bola: quando
o jogador entra em campo, ele deixa de ser ele mesmo e passa a ser Flamengo,
quando eu visto o Manto, eu sou Flamengo, quando estamos em corrente visando a
um mesmo objetivo (a vitória, o título, a redenção) todos somos Flamengo.
Façamos nossa parte!
SRN
P.S.: minha responsabilidade aqui
só aumenta a cada dia: não bastasse dividir essas páginas com um amigo que é
líder do campeonato, agora figuram por aqui escritos também do segundo colocado
do torneio!
P.P.S.: não vou usar a
terminologia corrente para o ocupante da segunda posição de um torneio, por
medo de ferir algum direito de propriedade, material ou intelectual, e ter que
vir a responder por isso, pois todos sabemos que esse termo é patenteado por um
rival histórico nosso, aqui do estado, e que se encontra, literalmente, numa
seca danada...
*Thiago Aresta é afiliado ao PMDB, por isso fez média com os colegas colunistas que estão em melhor posição da tabela.
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