quinta-feira, 27 de setembro de 2012

“Winner, winner, chicken dinner!”





Thiago Aresta *


Confesso que essa expressão pulula em minha mente desde que assisti o filme “Quebrando a Banca”, em que um grupo de gênios de uma universidade americana aproveita seus dotes para faturar alto nas mesas de Blackjack, o nosso famoso “Vinte e um”, levando à bancarrota vários cassinos da mítica Las Vegas e se tornando um pesadelo para os magnatas donos desses estabelecimentos e seus ávidos capatazes. O líder do grupo, gênio-mor, professor do MIT, desenvolveu um sistema infalível para, observando as cartas, descobrir a contagem de cada mesa e favorecer a aposta certeira, além de um complexo sistema de sinais que seus pupilos utilizavam para compartilhar essa informação. Trocando em miúdos, eles conseguiram transformar, através da ciência, um jogo de azar em jogo de sorte. E põe sorte nisso!

Mas e o frango? E o jantar? Bem, pesquisando nas internetes da vida, descobri que a frase lapidar, numa tradução livre e tosca, “A quem ganhar, frango para o jantar”, tem origem em Vegas onde, por muito tempo, o jantar especial de frango custou um dólar e setenta e nove centavos. Como a aposta padrão, básica dos cassinos, rendia dois dólares, o afortunado teria dinheiro suficiente para degustar um prato desses no jantar. E, numa tacada de sorte, tudo isso fez sentido, mas não no verde do feltro das mesas de apostas de Las Vegas nem no preto e no vermelho de espadas, ouros, paus e copas do baralho, mas no verde do gramado do Estádio Olímpico João Havelange e no preto e no vermelho do futebol, no tão esperado confronto postergado entre Flamengo e Atlético Mineiro.

Começando pelo Galo, pareceu-me incompreensível e incongruente o excesso de cautela com que o time mineiro, brigando ponto a ponto pela ponta da tabela e em tão boa fase como apregoam, entrou em campo; o Atlético, diferentemente do Corinthians do ano passado, não conseguiu manter o fôlego após um início de campeonato fulgurante. Justiça seja feita, o moleque Bernard, que joga muita bola, fez falta, é mais de cinquenta por cento do time do Galo. Nota triste fica por conta da atitude de marginal que teve o Réver ao desferir uma cotovelada horrenda contra o Cáceres. Foi expulso e bem expulso, mas agora eu quero ver se esse tal de STJD funciona mesmo: doze jogos para isso não é nada!Disseram que um tal de Erre49 jogaria, mas, sinceramente, não o vi em campo. Se bem que não é problema nosso, o máximo que esse cara é do Flamengo é credor e, mesmo assim, no fim da fila! E teve choradeira no fim do jogo... Peraí: choradeira, camisa alvinegra, Cuca. Era Atlético Mineiro ou Botafogo? Só faltou o Lúcio Flávio pegando o microfone e, aos prantos, declarando o seu time como “vencedor moral”... De acordo com o disposto, fica definido que o Atlético de Minas é um Botafogo: 1. que fala “uai”; 2. com requeijão ou doce de leite (ao gosto do freguês).

Só que o Flamengo não tem nadica de nada a ver com isso e fez o seu dever de casa. Tomou a iniciativa, controlou as ações, foi pra cima, dominou o território, deu as cartas, pegou o morto e bateu na mesa: foi Flamengo. Finalmente, caríssimos irmãos em Zico! Não tem uma equipe de gênios, evidente, como no filme, mas suou a camisa, teve raça e deu sangue. Acreditou. O Dorival, como bom jogador que é, jogou as cartas certas: com cada um em seu lugar, fez uma canastra limpa com o que a sorte trouxe às suas mãos. Sem inventar, blefe é do jogo. O lance do segundo gol foi, como num conto, a célula dramática do jogo de ontem: o Wellington Silva foi pra dentro, foi Flamengo, acreditou, cruzou para o Liédson, que guardou, com estilo. Aplicação e confiança. Insisto, não há gênios nesse Flamengo, mas o grupo não é dos piores, mas faltava algo para dar liga, um catalisador. Ele chegou, não é uma Brastemp, mas preencheu a lacuna do setor criativo do rubro-negro: Cléber Santana (pro que tem o Flamengo, não seria exagero chamá-lo “Cleberniesta”), experiente e bom de bola, sem firula, fazendo o básico. Tudo começou com um golaço do Love, gol de centroavante, de quem sabe e, acima de tudo, acredita. E tudo terminou com mais uma vitória do Flamengo, a segunda seguida após um jejum de sete jogos. O terceiro jogo sem derrota e o sétimo de nove pontos conquistados. O burro continua lá, com trinta, e o urubu já voa à meia-altura, com tinta e quatro... Ufa! E, assim como em Las Vegas, para o Mengão, frango de jantar. Ou melhor, galo. À carioca! O que acontece em Vegas fica em Vegas, mas o que aconteceu no Engenhão correu o mundo, impulsionado pela força da magnética!

E a magnética merece nota especial, menção honrosa, medalha de honra ao mérito: QUE COISA LINDA! Aquele binômio indissociável do qual falei no último texto, time e torcida, provou, mais uma vez, que é osso duro de roer ou de bicar. E um puxa o outro, não tem jeito. Fica aí, mais uma vez, o recado para nossa possante diretoria: o preço do ingresso influencia SIM na ida ao estádio; essa promoção, de caráter emergencial, provou isso. Se o negócio é lucrar com preço alto, o que leva menos gente ao estádio, pode-se inferir que mais gente, a um preço menor, propicia lucro similar, além de altas possibilidades de contar com estádio praticamente lotado e jogar com a força da torcida incentivando o time no peito e na raça, no canto e nas palmas. Mantenham esse preço para o campeonato e tragam a torcida para junto dos jogadores, ou então vou achar que isso é só desculpa pra jogar a responsa pra cima da torcida, já que a incompetência administrativa e gerencial de vocês afasta o torcedor do seu habitat natural enão consegue dar conta de uma instituição do tamanho do Flamengo. Valeu, Nação! Estamos de parabéns! É muito orgulho fazer parte disso!

Se “Winner, winner, chicken dinner” foi o que a aposta padrão nos rendeu…
Então por que não ousar mais e variar esse cardápio?
A magnética espera, ansiosa, mais um convite para jantar!
Domingo tem mais. Estaremos lá!

SRN





*Thiago Aresta acaba de afirmar que não é mais afiliado ao PMDB,  mas fontes seguras indicam que ele está de saída para o PSD, o partido do Kassab.

4 comentários:

  1. Foi ótimo o jogo, uma pena que o Bernad não jogou ele é realmente meio time. Quanto ao Rever,sei lá sem palavras para o profissionalismo dele aquilo era UFC? E o Mengão ainda falta muito mais já está começando a jogar futebol, também o Ibson (sem sangue) não jogou o Mengão ganhou!!! valeu Aresta.

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  2. Depois de todo um bom jantar, rola aquela pra relaxar. E essa será feita domingo, com nossa puta preferida. Aquela que põe sua roupa de guerra toda colorida, que se maquia com pó-de-arroz, aquela que dá ataques cantando que está "Na frente do reto". Sim, nossa puta preferida já desfilou sua ruindade corporal e futebolística nos puteiros mais sujos desse país, considerados de nível C. Mas hoje, por conta de um cafetão generoso, está, injustamente, num nível digamos 4x4, com direito a seguro de saúde de tudo.
    Neste gastronômico Brasileirão, jantamos galinha ontem, vamos para uma treta com a piranha carioca e a sobremesa fica para semana que vem, uma deliciosa cocada baiana!
    Sem mais delongas, o Flamengo provou que é Flamengo! Quando consegue fazer com que um burocrático lateral faça jogada e cruzamentos dignos de Jorginho, Leandro ou Leo Moura. Quando consegue fazer um artilheiro em jejum, fazer um gol que invejaria Leonidas e Bebeto, criadores da bicileta e do voleio, respectivamente. Voleio que aliás, até um jogador encostado conseguiu fazer em gol ontem. Isso é o Flamengo. Com raça, com disposição. A Magnética, pra variar, jogou com o time, como não joga desde a eliminação da Libertadores de 2010! É isso mesmo, não vejo a Magnética tão entrosada com aqueles cabeçudos de vermelho e preto desde 2010! A Magnética estava fazendo falta. A vitória diante das piranhas é essencial pra Magnética chegar junto de vez e aí, a gente pode começar a pensar em coisas maiores, sem doença nenhuma! Afinal, como diria um certo jogador, "Flamengo é Flamengo". Acho que, DEPOIS DE MAIS DE UM ANO VESTINDO O MANTO, ele só conseguiu provar esta tese normal, ontem. SRN irmão. Abração! João Andrade! E parabéns pelo blog.

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  3. Valeu, Rafa! Valeu, João! Bem lembrado: um cara aí falou que "Flamengo é Flamengo", pena que falou por falar. A sorte dele é que ele pode colocar no currículo que teve a honra de vestir a maior camisa do futebol mundial!

    SRN.

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  4. Que o Flamengo não relaxe na décima posição! Que esta raça derivada de um genialidade, na minha opinião, de Dorival continue a render uma arrancada! Rumo ao G4! Isso é Flamengo !!! Time grande não cai e não se deixa abater! E mesmo sendo o único carioca perto da zona maldita é o com maior média de público! SOMOS FODAS!!!

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