Thiago Aresta*
Óbvio que foi um prazer,
futebolístico e de escrevedor, iniciar minhas atividades escribas nesse sítio
falando, com cabeça e coração, de um Flamengo que parecia evoluir a cada jogo.
Não era difícil identificar, em meio a tantas bobagens por mim escritas em
linhas tortuosas que ninguém lê, certa felicidade por sentir os ventos da
mudança boa soprando pelos lados da Gávea e até certa dose de otimismo em
relação ao que poderia ser do meu, do seu e do nosso rubro-negro nesse segundo
turno de campeonato brasileiro. As expectativas eram sim, muito boas, mas o
choque de realidade era tão inevitável quanto doloroso.
A chegada do Dorival Júnior foi
realmente uma lufada de ar fresco no elenco e no time do Flamengo, é comum que
tal tipo de mudança reflita positivamente num grupo. E a evolução à qual me
referi anteriormente era fruto dessa mudança. Tudo isso à base de muito treino,
muita prática e muita disciplina tática, o que não é mistério nenhum. E o que
se via dentro de campo era um time que respeitava o que aprendeu, com cada
jogador em sua posição de origem, marcando bem e sem medo de atacar. Tudo
apontava para um início de segundo turno promissor, mas as coisas não estão
correndo assim tão bem.
Na primeira partida do returno,
contra o Sport, em Volta Redonda, tudo indicava uma vitória rubro-negra: jogo
em casa, contra um adversário lutando para não cair e vindo de um longo jejum
de gols e vitórias. Isso parecia se confirmar quando o Ibson anotou o primeiro
tento para o Flamengo. Parecia. O que se viu após o gol de empate do time
pernambucano foi um Flamengo nervoso, apático, errando muitos passes (índice
que vinha diminuindo) e não sendo tão agudo quando deveria, totalmente
diferente daquele que vinha tendo boas atuações sob a batuta do Dorival. O
Dorival, aliás, que foi personagem desse jogo: após substituir o volante
Cáceres, que era considerado um “amuleto” (o que, para mim, é uma bobagem) pois,
com ele em campo, o Flamengo não havia sofrido gols até então, parte da torcida
o saudou com o famoso coro de “Burro!”. Precipitação de ambas as partes: acho
sim que o Dorival vacilou ao substituir o Cáceres pois, por pior que ele
estivesse, era o único a cumprir aquela função de primeiro volante, dando o
primeiro combate e protegendo a zaga, ele poderia ter aberto mão de outro
volante (Ibson ou Luiz Antônio) para ter o mesmo efeito; e, minha torcida
querida, nesse pouco tempo no comando do time, o Dorival tem bem mais acertos
que erros e sentenciá-lo por uma substituição malfeita soa um pouco impaciente de
nossa parte. No fim do jogo, o Fla tentou o “abafa”, mas, desorganizado e
nervoso, não conseguiu o gol que teria garantido mais dois pontos
preciosíssimos.
Dito isto, chegamos a Porto
Alegre para enfrentar o Internacional. A história recente nos tem mostrado que,
salvo algumas exceções, nossas diligências ao Sul do país não têm sido tão bem
sucedidas assim. O que poderia tornas as coisas mais equilibradas é o fato de
que o Inter vive um momento turbulento; e o Flamengo poderia se aproveitar
disso. E pareceu que iria: o presente do Muriel para o Love foi a melhor
recepção que o rubro-negro poderia ter, linda assistência do goleiro colorado,
Mengão um a zero. Só que tinha um tal de Forlán lá pelos pampas, que tinha que
desencantar logo contra o Flamengo, para ter mais visibilidade, só pode. E,
mais uma vez, após o empate do Inter, viu-se um Flamengo falhando muito e
marcando pouco, nervoso, entregue, sem criatividade e reação. Prato cheio para
o Inter que, em mais uma das inúmeras falhas da zaga rubro-negra, virou a
partida ainda no primeiro tempo. Dorival se irritou, mexeu no time, tentou usar
o Bottinelli e o Matheus para dar mais fluidez ao jogo ofensivo rubro-negro,
mas nada disso adiantou. O Flamengo continuou apático, vendo o Inter jogar e o
Forlán espantar a zica, guardando mais um na meta defendida por Felipe, três a
um. Só o Inter jogava, tinha espeço e trabalhava a bola. Resultado: Damião foi
lá e completou a sacolada, fechou o caixão: quatro a um, fora o baile...
Esperava, caríssimos irmãos em
Zico, escrever palavras mais alegres, exaltando a retomada do nosso Flamengo
nessa segunda metade de campeonato brasileiro. De coração. Mas a nossa
realidade é bem diferente: o que temos, hoje, é fruto de uma temporada que se
iniciou sem planejamento algum, sem contratações importantes e em meio a grande
incerteza, seja dentro do campo, ou fora dele, já que estamos em ano de eleição
no clube: um elenco limitado, que está longe de ser o pior elenco do
campeonato, mas também está longe de ser competitivo, o que se pode confirmar
com a posição intermediária que ocupa o Flamengo na tabela de classificação. E,
por mais que tenha havido evolução na parte tática, parece faltar cancha a esse
Flamengo que, por dois jogos seguidos, mostra-se entregue e muito nervoso após levar
um gol, por exemplo. As grandes reviravoltas são marca histórica do Flamengo e,
de fato, entristece o torcedor ver que, hoje, esse Flamengo reage tão mal (ou
não reage) a alguma situação adversa. E é na história que buscamos apoio, pois,
mais do que nunca, o Manto Sagrado vai ter que entrar em campo, jogar sozinho,
ser o “tudo”, aquela “bastilha inexpugnável” imortalizada nas palavras de
Nelson Rodrigues, tricolor que, no fundo do coração, sabia o que realmente é
bom.
E, na classificação do Campeonato
Brasileiro, burro com trinta e Flamengo com vinte e sete...
* Parabéns ao nosso capitão Léo
Moura, pela grande marca alcançada neste domingo, ao vestir, pela
quatrocentésima vez, a camisa do Flamengo. A situação atual, dele e do time,
não me inspira a tecer loas maiores, mas a história que construiu nesses sete
anos de dedicação ao Flamengo será sempre lembrada e respeitada pela Nação.
SRN
*Thiago Aresta, além de redator fiel deste blog e torcedor do mengão, está acompanhando o US OPEN só pra ver as pernocas da Sharapova. Além disso, em curso do Instituto Universal Brasileiro, aprendeu que o "rio é largo e a ponte, preta!".
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